Você vai se tocar quando?

27.12.2005

Quadrilha das transferências

http://jornalnacional.globo.com/Jornalismo/JN/0,,AA1097430-3586-395759,00.html

Policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais de São Paulo prendem quatro acusados de negociar transferências de presos. Entre eles, um diretor da Secretária de Assuntos Penitenciários do Estado.
O que é capaz de tirar um assaltante de bancos condenado de um presídio de Riolândia para Itirapina, ou de Americana para Araraquara, todas cidades no interior de São Paulo? Só mesmo uma ordem de alto escalão da Secretaria de Administração Penitenciária do estado.
Na região de Campinas, a segunda maior cidade paulista, este poder estava nas mãos deste homem há mais de um ano: João Batista Paschoal controlava os portões de 33 presídios com cerca de 30 mil presos
Há cinco meses, desconfiada de transferências estranhas, a Polícia Civil de São Paulo começou a investigar. Gravou horas de conversas entre Paschoal e a advogada Suzana Volpi Michelle, e de dois ex-presidiários: Ulysses Azevedo Soares, condenado por fraude no sistema penitenciário; e Manoel Cruz Da Silva, condenado por roubo e em liberdade condicional.
A polícia descobriu que eles cobravam de R$ 7 mil a R$ 8 mil para mudar criminosos de presídio. Os quatro foram presos nesta terça-feira, pela manhã. Com eles, a polícia apreendeu documentos que podem comprovar transferências ilegais de dezenas de condenados.
Mudar de cadeia é considerado um privilégio que muitos condenados só obtêm após muitos anos de cumprimento de pena. Segundo a polícia de São Paulo, o que a quadrilha das transferências oferecia em troca de dinheiro eram atalhos ilegais e sob medida para o preso cumprir a sua pena com mais conforto, próximo de uma possível fuga e, principalmente, junto de sua quadrilha, para continuar cometendo crimes atrás das grades.
"O preso vai de uma cadeia para outra. De dentro dessa cadeia ele comanda seqüestros, roubos, assaltos, pois ele está junto com outras pessoas que têm uma liderança fora. Nós temos seqüestros em andamento, que é comandado por presos de dentro da cadeia”, afirma Godofredo Bittencourt, diretor do Departamento de Investigações Criminais.