Oração pela Usina

Perdoai-nos Pai
Perdoai aos que sabem do que acontece e nada falam
Perdoai aos que acusam a mim e a Beth de ter cuspido no prato que comemos
Porque ainda não sabem a dor que sentimos
Pelos filhos que não são nossos
Pelas crianças que vimos
Que com parcos fios na cabeça
Sofreram aqueles terríveis engulhos no estômago
Efeito de terríveis drogas
Que tinham que tomar
Que se perguntavam porque não tinham vida para brincar
Como seus colegas tão alegres o faziam
Que se viam no espelho
E se viam tão diferentes
Que não entendiam o que explicávamos
Apesar do grande esforço que faziam
Por que sua mente não o permitia
Que andava de bicicleta apesar de uma perna e um braço não ter
Que entendia que a morte estava próxima
Apesar de todos quererem esconder
Que cirurgias doloridas tinham acabado de fazer
E viam seus amigos
Alegres a correr
Mas pai uma coisa eu imploro, Pai
Apesar de saber que só nós homens, culpado somos
Apesar de que ainda a ti pomos culpa
Por coisa que só nós fazemos
Não permita que sofram, a dor que sofremos
Que sofremos até hoje
Todos os dias
Ao lembrar tais cenas

Imploro ainda Pai
Que novas crianças, tão lindas
Naquele lugar tão lindo
Não passem pelo mesmo caminho

Por favor, Pai.