Priscila

Priscila é a menina de 13 anos que ao passar em frente a um banco foi atingida por um disparo feito durante um assalto a banco.

Priscila é a menina, a criança, que se tornou paraplégica neste acontecimento.

Priscila é a menina que esta dando uma lição de vida ao mundo ao demonstrar sua vontade de se recuperar, que está dando uma lição de como se ter esperança.

Priscila após levar o tiro, pegou o celular, ligou para a mãe e disse que ia para o hospital.

Uma pessoa se aproximou, disse que ia ajudá-la e roubou seu celular.

Se você não tem consciência de que a nossa sociedade, a sociedade brasileira esta doente eu te peço para abrir seu coração.

Deixe a emoção tomar conta de você.

Se coloque na posição de Priscila naquele momento.

Ferida, com medo da morte, com ânsia de ser atendida, ansiosa para ter alguém da família a seu lado para lhe amparar, o celular era naquele momento este elo de contacto, o modo mágico de estar com seu pai ou sua mãe.

Até isto lhe foi negado.

Não vou ficar indignado, com raiva ou aparvalhado com o ato do ladrão.

Não vou crucificá-lo, insultá-lo ou querer sua punição.

Vou querer seu coração.

É.

O seu coração, é, o seu.

De você que esta lendo.

Gostaria que você entendesse que nós somos essencialmente iguais.

Somos classificados entre os seres vivos como humanos.

Morfologicamente iguais, isto é, 2 pernas, 2 braços, mesmo número de cromossomas etc.

Mas, somos essencialmente diferentes no comportamento.

E um dos fatores que mais influencia nosso comportamento é o ambiente em que vivemos.

A sociedade em que vivemos.

E eu falo aqui, sempre, que nossa sociedade esta doente.

E eu acho que só abrindo nosso coração poderemos sentir esta realidade.

Para admitir isto, é necessário estar com o coração aberto.

Não para ver o efeito que a nossa sociedade está causando, que é a aparição de indivíduos como o que roubou o celular de Priscila.

Mas para entender que o efeito é nada em relação à causa.

Sem causa não há efeito.

Infelizmente nossa capacidade de raciocínio hoje em dia se resume a combater o efeito.

Prender o ladrão, o assassino.

Infelizmente não conseguimos sair desta etapa.

Não temos inteligência suficiente para entender que apesar de preso, morto, linchado, vão aparecer novos ladrões.

Que você quer que seja preso, morto, linchado.

Você não entendeu ainda que se você não eliminar a causa do aparecimento do ladrão, do assassino, novas Priscilas podem surgir.

Pode acontecer com seu filho.

Pode ser que seu filho seja o próximo.

Você ainda não entendeu que a nossa sociedade, baseada num conceito virtual de que a pessoa capaz, com valor, de sucesso, é a que tem, um carro caríssimo, uma roupa de grife, dinheiro sobrando para fazer o que quer.

Você ainda não entendeu que graças a esse conceito, milhões de pessoas estão sofrendo, passando fome, doentes sem atendimento médico, sem educação, porque a quantidade de dinheiro que um país tem, que circula em nossas mãos, se ficar acumulado na mão de uns poucos significa que vai fazer falta para alguém.

Você não entendeu ainda que esse tipo de sociedade virtual, que tem como base esses valores virtuais, sim valores virtuais, levam ao crime e ao roubo.

Virtual porque uma camisa LACoste, aquela do jacaré, custa R$200,00 e uma outra igual de excelente qualidade, ou melhor, mais de outra grife menos famosa custa R$50,00.

Virtual porque associa a camisa LaCoste a um diferencial puramente virtual: ser cara.

Eu tenho, você não tem.

Como na novela.

Uma sociedade que só dar valor ao ter.

Por isso ele roubou o celular da Priscila.

Uma sociedade que não dá o menor valor a Solidariedade.

Uma sociedade que gera Malufs e o ladrão da Priscila.

Abra seu coração.

Sinta esta verdade.

Nossa sociedade esta baseada em valores muito pequenos.

Não sou eu que vejo isto pela primeira vez.

Há 2007 anos atrás já teve entre nós alguém que veio nos dar esse aviso.

Foi crucificado.

Filho de Deus, nasceu num cocho de estábulo, não num palácio.

Viveu como carpinteiro, não como Deus ou rei.

Foi crucificado porque queria resolver os problemas do mundo pedindo para as pessoas abrirem seus corações.

Não queria resolver os problemas do mundo puxando o gatilho, como quer nosso último visitante ilustre.

Queria, resolver os problemas do mundo com a palavra, com a SOLIDARIEDADE, com o desprendimento.

Deus quis mostrar a você, a mim, a todos, que um palácio, que a riqueza, não tem o menor valor.

2007 anos depois, não entendemos isso ainda.

Abra seu coração.

Pelo seu filho.


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