O impressionante Noam Chomsky
Vivemos num mundo virtual feito principalmente pela mídia, ficamos embotados por nossos desejos materiais.
Uma mídia que vê os fatos, do ponto de vista de seus interesses.
O que nos leva a uma vida falsa.
De belos e bonitos fundamentos éticos mas de ações mesquinhas, muitas vezes abomináveis.
E Chomsky retrata este tipo de procedimento em seu artigo "Uma tradição de tortura" :
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3746706-EI12927,00-Uma+tradicao+de+tortura.html
Em seu artigo Chomsky comenta os memorandos de tortura liberados pela Casa Branca no início do mês. E comenta:
" Mas por que a surpresa quanto aos memorandos de tortura? Mesmo sem inquérito, era razoável supor que Guantânamo fosse uma câmara de tortura. Por que mais enviar prisioneiros onde eles estariam além do alcance da lei - casualmente, um lugar que Washington está utilizando em violação de um tratado que foi forçado sobre Cuba sob a mira de uma arma? O raciocínio de segurança é difícil de ser levado a sério.
Uma razão mais ampla para porque deveria haver pouca surpresa é que a tortura é uma prática rotineira desde o princípio da conquista do território nacional até agora, enquanto as empreitadas imperiais do "império nascente" - como George Washington chamava a nova República - estendiam-se para as Filipinas, Haiti e outros lugares.
Além disto, a tortura foi o menor de muitos crimes de agressão, terror, subversão e estrangulação econômica que obscureceram a história dos Estados Unidos, tanto quanto fizeram por outras grandes potências. As revelações atuais sobre tortura mais uma vez destacam o conflito entre "o que defendemos" e "o que fazemos". "
Em outro artigo " Barack Obama e Israel-Palestina " Chomsky escreve:
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3494692-EI12927,00-Barack+Obama+e+IsraelPalestina.html
" Mitchell deverá concentrar sua atenção no conflito Israel-Palestina, logo após a recente invasão dos EUA-Israel em Gaza. Durante o ataque homicida, Obama permaneceu em silêncio, a não ser por alguns chavões, pois, como ele disse, há apenas um presidente. "
Mais a frente:
" De fato, a proposta clama pela normalização das relações com Israel - no contexto, deve-se notar, e apenas no contexto, de um acordo entre dois estados, o chamado consenso internacional, que os Estados Unidos e Israel têm bloqueado, praticamente sozinhos, por mais de 30 anos.
A omissão de Obama deste fato crucial - Israel e Palestina como estados co-existentes na fronteira internacional, com talvez pequenas e mútuas modificações - dificilmente pode ser acidental. Ela sinaliza a tendência de Obama a fazer com que os Estados Unidos não deixem de lado o rejeicionismo. Ele chama os estados árabes a agirem em um corolário à sua proposta, enquanto os Estados Unidos ignoram até mesmo a existência de seu conteúdo central; a pré-condição para o corolário supera o cinismo.
Entre as massas, os atos mais significativos que minam um acordo de paz são as ações diárias apoiadas pelos EUA nos territórios ocupados, todas reconhecidamente criminosas: a tomada de terras e recursos valiosos para a construção daquilo que o principal arquiteto do plano, Ariel Sharon, chamou de "Bantustões" para os palestinos.
No entanto, os Estados Unidos e Israel continuam a se opor até mesmo a falar sobre um acordo político, uma vez que, em dezembro último, eles (e algumas ilhas do Pacífico) votaram contra a resolução da ONU que apoiava "o direito do povo palestino à autodeterminação" (aprovada por 173 a 5).
Em referência à proposta "construtiva", Obama não disse nada sobre os desenvolvimentos de assentamentos e infra-estrutura na Cisjordânia, e as complexas medidas para controlar a existência palestina, desenvolvidas para solapar as perspectivas de um acordo de paz entre os dois estados. Seu silêncio refuta seus floreios de oratória sobre como "manter um comprometimento ativo para conseguir que os dois estados convivam em paz e segurança".
Obama continua restringindo o apoio a Abbas e Fayyad, que representam os partidos derrotados na eleição ocorrida em janeiro de 2006, uma das eleições mais livres do mundo árabe, à qual Estados Unidos e Israel reagiram, instantânea e publicamente, punindo severamente os palestinos por apresentarem oposição à vontade dos mestres. A insistência de Obama em considerar a existência apenas de Abbas e Fayyad se conforma ao consistente desprezo ocidental pela democracia, a não ser que esta esteja sob controle.
Obama também falou sobre as razões comuns para ignorar o governo eleito, liderado pelo Hamas. "Para ser genuinamente um partido pela paz," declarou Obama, "o quarteto (os Estados Unidos, a União Européia, a Rússia e as Nações Unidas) deixou claro que o Hamas deve satisfazer condições claras: reconhecer o direito de Israel de existir; renunciar à violência; e acatar acordos anteriores".
Como de costume, não foi mencionado o inconveniente fato de que os Estados Unidos e Israel são praticamente os únicos responsáveis pela obstrução a um acordo entre dois estados; eles, com certeza, não renunciam à violência; além disso, rejeitam a proposta central do quarteto, o seu road map. Israel aceitou tal proposta formalmente, mas com 14 reservas que efetivamente eliminam seu conteúdo. Um grande mérito do livro de Jimmy Carter, Palestina: paz, não apartheid, é ter levados esses fatos ao conhecimento do público pela primeira vez no mainstream.
Talvez seja injusto criticar Obama por mais este exercício de cinismo, já que tal atitude parece ser universal. "
Chomsky mostra sempre que é um indivíduo que procura a verdade e portanto um filósofo.
Chomsky é um judeu, renegado por muitos, principalmente por judeus que não conseguem, ou não querem ver a verdade, ou por interesse ou por falta de visão.
E como o filósofo Karl Jaspers ja dizia : " A filosofia busca a verdade, o que a humanidade não quer. "
As pessoas que criticam Chomsky só podem adjetivá-lo. Chomsky trabalha com fatos e documentos, prática a que deve ter sido induzido pelas reações ao que fala.
Nunca vi quem diga a verdade, tão dolorida, como Chomsky faz.